quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Como cheguei até aqui.



No início quando ainda era pequeno gostava muito desenhar linhas sinuosas cheias de volutas , flores e plantas estilizadas. Era fascinado por isso. Procurava detalhar ao máximo tudo o que eu desenhava. No entanto meu desenho sempre foi muito duro e compacto... mas eu era uma criança e não tinha nenhuma noção disso. Porém depois de um tempo comecei a ler livros de civilizações orientais e descobri as mandalas. Comecei a copiar e a criar muitas delas, nessa época meu traçado começou a ganhar leveza. Mas foi no ano de 2001 que eu me descobri como um possível desenhista. Como uma boa parte dos jovens brasileiros eu passei a comprar mangá e tudo relativo a eles. Com ajuda de uma amiga (que me dava orientações) eu copiei muitos desenhos, porém um dia conheci os desenhos anoréxicos de Naoko Takeuchi. Sailor Moon, pra ser mais exato foi o traço que mais significativamente influenciou meu traço. Passei a buscar a leveza dos traços e também a sinuosidade daquelas formas. Porém não alcancei plenamente meus objetivos e foi ai que comecei a criar meus próprios personagens. Duas amigas fantásticas me ajudaram a criar grandes histórias e esse foi meu apogeu no mundo “manganimaniaco”. A partir dessa época eu comecei lentamente a me afastar do mangá. Primeiro complicações religiosas e depois cobranças de amigos e principalmente minhas por um traçado autenticamente meu. Tempos depois entrei na faculdade de ilustração e ali fui duramente criticado por meus professores. Novamente me vi pressionado a mudar o estilo para algo meu. Mas como criar um traço novo se eu nem mesmo sabia como se fazer isso? Um professor de desenho estrutural em particular foi muito importante, ele disse que isso vinha com o tempo e que era pra eu ter muita paciência. Ele me incentivou a pesquisar muitos pintores clássicos, além de expandir meus conhecimentos em arte e leis que regem a imagem. Entrei numa fase da qual ainda não sai de profunda pesquisa em cima de diferentes estilos artísticos. Descobri um dia Alfons Mucha, que na verdade não me era estranho. Suas ilustrações do final do século XIX e início do século XX inspiraram minha alma a desenhar mais e mais. No entanto a figura humana dele era muito acadêmica e eu não gostava daquilo. Naoko ainda era um ícone de perfeição. Porém queria me afastar do rosto do mangá. Pesquisei a arte do mundo antigo. Extremo Oriente, Egito, Grécia etc. No entanto as duas últimas foram o ponta-pé que eu precisava. Seus rostos retos que na minha interpretação ficaram bem pontiagudos foram minha maior conquista. Comecei a investir em minhas próprias criações e voltei no tempo, na época de infância e capturei os detalhes que tanto usava e pronto. Cheguei nos tempos atuais. A pouco tempo dois professores me indicaram Aubrey Beardsley. Segundo eles meu traço lembrava muito as ilustrações dele. Eu fiquei muito surpreso quando vi e de certa maneira concordei.